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“A busca pela verdade não é uma Piada”

Atualizado: 25 de jun. de 2020


*Contém Spoilers

"Joker" é uma obra da sétima arte do audacioso diretor e roteirista Todd Philips juntamente com seu protagonista e talentosíssimo ator e ativista Joaquin Phoenix. O filme “Coringa” é uma proposta diferente de tudo que a indústria do cinema conhece sobre fazer super-heróis, anti-heróis e vilões…

Uma narrativa que abarca a complexidade do drama dos dias atuais, porém são retratados ou espelhados na sociedade americana dos anos 80 e todos seus espectros e paradigmas político-sociais.

Arthur Fleck seria só mais um entre muitos que sonham em se tornar famoso e ser bem sucedido vivendo da arte, no seu caso mais específico, a comédia do stand up. Mas Arthur não é uma pessoa qualquer, ele sofre de um distúrbio peculiar chamado Afeto Psedobulbar que pode causar risadas incontroláveis em momentos impróprios não ligadas ao seu real estado emocional. Arthur faz acompanhamento social para receber medicamentos até o governo cortar a verba para isso e ficar então desamparado.

Nosso protagonista atua como palhaço em vários serviços para ganhar algum dinheiro, até mesmo os mais humilhantes onde acaba sendo espancado por garotos de rua, tudo isso para sustentar a si mesmo e a sua mãe mesmo que em condições extremamente precárias. Porém uma apresentação não acontece como deveria e a agencia lhe demite. A situação só piora quando Arthur não controla o riso no metrô ao ver uma mulher sendo assediada por playboys engravatados da elite de Gotham e eles resolvem agredir o solitário e desesperançoso palhaço que acabava de ser injustiçado.

Mas dessa vez Arthur tinha uma arma e acaba matando dois deles por auto-defesa e o terceiro ele persegue até executá-lo. Agora o palhaço era a marca do protesto contra a opressão da negligência burguesa contra a vulnerável e marginalizada pobreza de Gotham. Na busca pela verdade de sua mãe com o passado de Thomas Wayne, Arthur se vê numa infância conturbada, sem respostas verdadeiras e um histórico ainda mais assustador. O apresentador de TV Murray era um ídolo para Arthur, mas até ele fez chacota do fracasso no stand up de Arthur.

Murray convida Arthur para se apresentar no seu Talkshow ao vivo, e lá, maquiado ele pede para ser apresentado como “Coringa”. Arthur que havia sofrido a vida inteira com pensamentos negativos, achava que sua vida era um tragédia, que não tinha sido feliz um único dia da porcaria de sua vida… havia ensaiado fazer a sua gloriosa morte ali na frente das câmeras, mas ao bater de frente com Murray sobre a exposição das dores e dos sofrimentos vividos até então, o Coringa decide parar de tentar caber no mundo e resolve mudar as regras do jogo, mata Murray e manda um recado ao mundo, que ele cansou de tentar se encaixar quando ninguém mais tentava aceitar e respeitar quem ele era antes.

Umas das formas de pensar a argumentação do filme é:

“Não é sobre ser bom ou ser mal, ser inocente ou ser culpado, ser caótico ou ser organizado... é sobre pertencimento! Pertencimento em um mundo estranho que nos força a fazer uma escolha e nós, como seres humanos imperfeitos que somos, às vezes erramos, mas às vezes acertamos. E para ambos, fazemos tanto de maneira inconsciente (ou sem ao menos saber o que realmente estamos fazendo), mas outras vezes, temos total consciência das nossas ações, das nossas atitudes e consequências!”

A filosofia mais antiga e a mais moderna vão concordar que o filme é uma obra-prima porque a sua leitura é subjetiva, ou pessoal, ou até mesmo variável. Leia o filme quantas vezes possíveis e quantas vezes diferentes possíveis você puder. Não seja apenas um juiz ou apenas um advogado de defesa… não seja a condenação ou a absolvição, não se torne uma mente polarizada que apenas é pró ou é contra, não seja de extremidades, pois olhar para todos os fatores, por todos os ângulos e considerar todas as circunstâncias não nos torna menores e sim mais curiosos e mais propensos a evoluir como humanos.

Parafraseando Platão, lembre-se, só os tolos é que realmente estão convictos da verdade e os sábios é que se questionam sobre o que poderia ser de fato aquela sombra na parede da caverna!

Nós não somos os donos da verdade de ninguém!

Thales Vieira

* A coluna "Cinema nos mínimos D'Thales" é de autoria de Thales Vieira e todo seu conteúdo é de crédito e responsabilidade do autor.

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