Há mais de 10 anos vivendo em Corumbá, o artista nascido em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, Vitor Hugo Souza já pode se considerar um autentico sul-mato-grossense. Não por morar em nosso solo, mas por retratar em sua arte as belezas de nossa fauna, flora e da nossa cultura.
Com traços contemporâneos, Vitor já representou nosso estado em várias exposições, feiras e intercâmbios culturais. Em 2013, por exemplo, o artista representou o estado de Mato Grosso do Sul no Rio Grande do Sul pelo Projeto de intercambio Brasis pela Funarte.
Em 2017, Vitor participou das comemorações do centenário do poeta Manoel de Barros em Corumbá. Na cidade branca ele realizou uma intervenções em 3 murais internos no SESC Corumbá. Uma das suas telas se encontra hoje em Varsóvia, na Polônia. Os trabalhos de Vitor também já são encontrados no Japão, na Itália e na Alemanha.
Confira agora a entrevista que o #EUsouMS realizou com esse grande nome da arte contemporânea de Mato Grosso do Sul:
Corumbá é uma cidade riquíssima em história e em Cultura. Como é
viver nesse ambiente tão propicio para as artes?
Viver em Corumbá é incrível realmente! Creio que não trocaria essa cidade pequena, cheia de historia e cultura, para voltar a morar em grandes cidades, onde a percepção das coisas é ofuscada pelo tempo.
Tive a oportunidade de trabalhar no MUHPAN (Museu de Historia do Pantanal) como estagiário há alguns anos atrás. Lá realizei varias tarefas como educador. Acredito que, pra mim, internamente foi uma escola, entre outras situações em Corumbá que tive a oportunidade de presenciar e participar até hoje. Isso me motiva muito na produção.
Por exemplo, por aqui passou, o Mestre Burgos, artistas plástico e professor de arte que veio de Madri. Jorapimo, jamil Canavarros, Benedito C.G. Lima (poeta) Anibal argentino (teatro) são pessoas que fizeram e fazem muito pela cidade como fomentadores da arte.
Gosto muito de observar o Cotidiano na cidade, o pescador que retorna para sua casa na bicicleta, o cafezinho apresentado por senhoras donas de casa cheias de historias para contar e “causos”, os Ladrilhos Hidráulicos! Algo incrível, pela quantidade que tem nos casarios entre muitos outros fatores.
A natureza e os animais exercem forte influencia em todo o seu
trabalho. Como o Pantanal auxilia na sua criação?
Eu creio que demorei um pouco para perceber isso. No início minha preocupação era mais realizar trabalhos que retratavam aspectos realistas e clássicos (estudos). Quando participei de um intercambio no Rio Grande do Sul, onde representei o estado de Mato Grosso do Sul no Projeto Brasis, em uma pré-curadoria que estava acontecendo na cidade de Pelotas, um Professor da universidade olhou algumas aquarelas que eu estava produzindo, e disse que via aspectos do rio Paraguai nos meus trabalhos, As aguas etc... Acho que isso foi um ”estalo” que ali comecei a deixar fluir mais esses aspectos que me rodeiam dia-a-dia.
Como os povos indígenas do pantanal influenciam na sua arte?
Os povos indígena em geral me influenciam, pela forma em que se manifestam, pelo olhar sob o meio entre outros fatores. Eu tento representar os índios de uma forma poética e aberta a interpretação assim como os outros trabalhos que realizo, deixando aberto a intepretação da cobra. Claro que existe um contexto na produção e signos. Mas cada pessoa que observa a obra agrega novos significados e olhares.
A arte no Brasil tem crescido muito nos últimos anos. Nomes como Os
Gêmeos e Eduardo Kobra tem se destacado internacionalmente. Como você vê esse novo momento da arte brasileira?
Vejo que o grafite já não e mais uma arte marginalizada, e também já se sabe que o movimento é o eixo da moda no mundo da Arte, digamos que a ”menina dos olhos” agora são os Murais (grafites com temática e técnicas elaboradas). Nesse contexto voltamos um pouco na historia onde os homens primitivos pintavam aquilo que queriam obter ou marcar como um reflexo de seu meio. Acho que a arte urbana como um todo cumpre esse papel, como nos trabalhos do Kobra onde ele retrata personalidades que levam as pessoas a refletir ou ativar sua memoria afetiva.
Os Gêmeos, por sua vez, criam mundos imaginários cheios de símbolos do meio cultural próprio de periferias ou nostálgicos nacionais. Acho tudo isso fascinante e sim sou muito influenciado pelas cores, pelas técnicas e creio que muitos artistas estão de certa forma deixando um pouco a produção nos ateliês e exposições em museus para transpor sua arte de forma mais ampla em prédios.
Além das telas você também realiza murais e instalações. Como é o seu
processo criativo para o desenvolvimento desses trabalhos?
Os trabalhos em murais, venho realizando a mais ou menos de uns 4 anos pra cá ou mais! não me recordo. Mas gosto de trabalhar isso em meios abertos, levar cores para as ruas, onde elas possam interagir com as pessoas, criando momentos de inspirações ou reflexões! Esse ano fui convidado pelo SENAC para realizar uma intervenção em um ambiente, nas novas instalações em Campo Grande no curso de gastronomia.
Também realizei um mural no Rio Grande do Sul cuja inspiração foi o contraste que a cidade tem com Corumbá, uma ligação entre ambas. O nome da Obra foi Noiva do Mar, misturando elementos quentes e frios plasmados em cores.
Também fiz um mural Interno no SESC de Corumbá inspirado em Manoel de Barros, em um projeto da instituição que comemorada o centenário de MB.
Existem também trabalhos que realizo de forma particular, sob encomendas tanto em Campo Grande como em Corumbá ou qualquer outra localidade.
Além dos trabalhos em quadros eu também tenho uma marca chamada Ghost Flowers onde eu desenvolvo peças (camisas) com estampas artesanais todas feitas a mão, trabalhos esses que são feitos em conjunto com o cliente, que manda a ideia e ai vou trabalhando encima das técnicas que uso, nisso tenho camisas espalhadas pelo Brasil, tem no Japão, Itália e Berlim na Alemanha.
Alguns trabalhos que estão disponíveis:
Entre em contato com o artista: (67) 99617-1138 ou vitor.hugo.care@gmail.com