A cidade de Campo Grande é muito bem representada por seus artesãos. São artistas populares que amam o que fazem e expressam em sua arte todo o amor que sentem pela cidade. Alguns dos artistas mais representativos da Capital, desde os mais antigos até gente que está começando, expõe suas obras na Casa do Artesão, prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa cidade.
“Uma das expressões culturais mais presentes em diversos espaços de Campo Grande é o artesanato. Elemento que reúne a identidade do nosso povo e traz a nossa história em diferentes formatos”, diz o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso.
Iza Olmos Rodrigues de Lima, de 42 anos, é moradora do Centro e começou a trabalhar com artesanato faz mais ou menos dois anos. Tudo começou com um amor muito grande pela cidade de Campo Grande. Iza criou um Instagram para mostrar seu carinho pela Rua 14 de Julho. Em parceria com Amanda Mamede, artista visual, decidiu expressar seu amor pela cidade criando peças de quebra-cabeça. “Fui criada na Barão do Rio Branco. Meu pai tinha a Banca dos Pracinhas ao lado do Bar do Zé. Eu morava no prédio da esquina da banca. A Amanda Mamede criou umas imagens retratando a praça Ary Coelho e a Rua 14 de Julho, com capivaras, daí a Grow fez um quebra-cabeça com a imagem e as pessoas perguntaram se estava à venda. Saiu na imprensa e tive mais de 50 encomendas de quebra-cabeça. Aí procurei uma gráfica que fazia por um preço menor”. As peças estão à venda na Casa do Artesão.
A Praça Ary Coelho e a Rua 14 de Julho foram os lugares onde Iza mais esteve na infância. “Tive uma infância muito feliz aqui no Centro. Não dirijo, sou pedestre. Fiquei tão feliz com a revitalização da (rua) 14. O artesanato foi a forma de prestar meu carinho, minha homenagem. Ninguém reproduz uma rua, uma praça, sem ter tanta paixão pelo lugar. Quero agradecer pelas lembranças, por tudo que eu passei. Futuramente penso em fazer caderninhos. Vou fazer outras artes retratando outras regiões da cidade. As pessoas me pedem o Parque das Nações, algo com Manoel de Barros, com outros animais, como onça, tuiuiú, arara”.
Veterana na sua arte, a artesã Betty Marques expõe na Casa do Artesão há cerca de 25 anos. Ela diz que com as vendas de suas peças na Casa, criou e formou seus filhos. “A Casa do Artesão não parou de vender nem na pandemia. Muitos lojistas fecharam e a Casa não parou. [Trabalhou também em sistema de delivery.] É um prédio histórico, é lindo. Todo turista vem na Casa, é um lugar perfeito”.
Betty trabalha com artesanato há mais de 40 anos. Começou talhando onças na madeira e hoje sua criatividade não tem limites: faz trabalhos também em cerâmica, como a Frida Kahlo “campo-grandense”, com enfeites de flores de ipê, a Nossa Senhora, o São Francisco, sempre com elementos da cultura da cidade. “Eu nasci em Ponta Porã e vim para Campo Grande para estudar e aqui fiquei. Campo Grande é uma cidade em que o povo é feliz. As pessoas estão sempre sorrindo, é uma alegria nata. Eu sou alegre, gosto muito de cor, e isso tudo aqui, a arte, a Casa do Artesão, é muito colorido”.
E sobre a reforma da Casa do Artesão, ela diz que se sente privilegiada pelos artesãos terem sido contemplados com o pacote do Governo do Estado “Retomada MS”: Eu me sinto privilegiada. A Casa está precisando muito dessa reforma, é uma coisa muito boa, vai ‘puxar’ mais público para visitar a Casa”.
Sobre a reforma
A Casa do Artesão foi contemplada pelo pacote do Governo do Estado “Retomada MS” com recursos no valor de R$ 2,2milhões, que vão ser utilizados na reforma completa do prédio. O aviso de lançamento da licitação já foi publicado no Diário Oficial, e a abertura da licitação será realizada, no tipo menor preço, no dia 03 de setembro de 2021, às 10 horas, na Agesul. A sede, que foi construída entre 1918 e 1923, recebeu sua última revitalização e restauro em fevereiro de 2002.
O projeto apresentado tem como principal ambição resgatar através do edifício da Casa do Artesão de Campo Grande a memória das edificações do apogeu da expansão da cidade – tendo em vista a importância deste período para a história regional e a consequente formação do consciente coletivo. Dessa forma, com o resgate do edifício, procura-se trazer em mente a memória que este edifício mantém entre suas paredes.
A gestora da Casa do Artesão, a funcionária da Fundação de Cultura Eliane Torres, explica que a revitalização do prédio é um ponto positivo para a preservação da cultura de Mato Grosso do Sul e para a manutenção de nossas memórias, lembrando que aqui é uma arquitetura do século 20, foi a primeira agência do Banco do Brasil, cujo cofre encontra-se preservado até hoje aqui. “É uma marca do início do desenvolvimento socioeconômico da nossa cidade. Hoje a Casa assume um papel de protagonismo no artesanato regional, expondo nossa produção cultural e dando retorno financeiro aos nossos artesãos. Ter um projeto que tenha como objetivo trazer melhorias a um prédio dessa complexidade, com esse valor cultural é um orgulho imenso, pra mim, pra nossa comunidade, pra nós, servidores. É a melhoria das nossas acomodações, de a gente dar condições de servir melhor ao público, ao nosso turista, a quem frequente a Casa do Artesão. Para o artesão é muito importante, a revitalização vai agregar valores às peças expostas, vai valorizar o trabalho de várias culturas, de várias etnias que expõem aqui, nossos clientes vão se sentir mais atraídos e, acima de tudo, mais inseridos no contexto cultural do nosso Estado”.
Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul.
Como ponto turístico, recebe visitantes de todo o mundo que buscam a originalidade e a beleza de peças criadas com matérias-primas e inspiração sul-mato-grossense. Como ponto de venda reúne o melhor da arte produzida por centenas de trabalhadores e entidades de artesãos, que encontram no local um local de venda importante, reconhecido e confiável.
Sua sede foi construída entre 1918 e 1923 sob as ordens de Francisco Cetraro e Pasquele Cândida, com projeto do engenheiro Camilo Boni. Foi a primeira sede do Banco do Brasil (cujo cofre é uma das atrações do local), comércio e autarquia pública.
A inauguração do espaço como Casa do Artesão ocorreu em 1º de setembro de 1975. Após restauração e revitalização, o local foi reinaugurado em 1990. A edificação é tombada como patrimônio histórico estadual.
A Casa do Artesão fica na avenida Calógeras, 2050 – Centro. Telefone: (67) 3383-2633
Fotos: Ricardo Gomes / Divulgação
Texto: Karina Lima / FCMS
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