Considerada uma das principais causas da infertilidade feminina, a endometriose é uma condição crônica que atinge uma a cada dez mulheres em idade reprodutiva, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia (SBE). “A doença acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce para fora do órgão. Os fragmentos vão parar no ovário, nas trompas ou em regiões vizinhas. O endométrio fora do útero também cresce, causando sangramento e inflamação”, explica a médica ginecologista e professora do curso de Medicina da Uniderp, Danielle Scarpin.
Assim como outras doenças, a endometriose pode se manifestar na forma leve, sem necessidade de medicamentos específicos, mas a mulher deve estar atenta ao aumento das dores nas menstruações e o fluxo pode ficar mais intenso. Nos diagnósticos mais graves podem ocorrer focos que atingem órgãos fora do sistema reprodutivo, como o intestino.
A condição inflamatória também acomete outros órgãos reprodutores, além do ovário. O tecido endometrial também pode surgir no útero. Apesar do endométrio estar alojado dentro do útero, ele pode causar complicações ao crescer fora dele. Há possibilidade de endometriose também no umbigo, parede abdominal e intestinos. “Quando as células do endométrio são encontradas apenas na parte externa do intestino, a endometriose intestinal é chamada de superficial, mas quando penetram na parede interna do intestino, é classificada como endometriose profunda e cada caso deve ser acompanhado de perto por um médico que, de preferência, conheça o histórico da paciente”, ressalta Danielle.
Outra preocupação para as mulheres diagnosticadas é o medo de não alcançarem a maternidade, já que dados da SBE apontam que até 50% das mulheres com endometriose têm dificuldade em engravidar. “Pode haver dificuldade para engravidar, mas isso não significa que não seja possível. As chances são menores devido a inflamação no útero, que dificulta a implantação do embrião; obstrução nas trompas por aderências e possível inflamação dos ovários”, completa.
Por ser uma doença dependente de hormônios femininos, as formas de tratamento mais aplicadas envolvem o controle de tais hormônios. Com orientação e prescrição de um médico especialista, os medicamentos mais comuns são:
Analgésicos: O tratamento mais simples consiste em anti-inflamatórios, alguns dos quais de venda livre, que poderão controlar a dor pélvica;
Anticonceptivos orais (hormônios combinados): As pílulas usadas de forma contínua (sem intervalo para a menstruação), podem controlar o ciclo menstrual e diminuir substancialmente a dor, por estabilizar também o tecido envolvido na doença;
Progestagênios (hormônio isolado): Podem ser administráveis por via oral subcultânea, intra-muscular ou por um sistema intra-uterino;
“Ao avaliar que se encaixa em algum dos sintomas ou tenha dúvida em relação à endometriose, a mulher deve procurar seu médico ginecologista. O diagnóstico precoce da doença pode ser feito através da história clínica, bem como de exames simples e de fácil acesso como à ultrassonografia”, conclui.
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