Durante a Semana pra Dança, o Teatro Aracy Balabanian, em Campo Grande, recebeu nesta quarta-feira (2) o espetáculo “Abebé – O Reflexo do Corpo Preto”, em homenagem ao orixá Oxum. Apresentado pelo Grupo de Dança Afro NegaÔ, de Vitória (ES), o evento emocionou o público com suas cores vibrantes, luzes, e a sonoridade envolvente da voz e percussão ao vivo.Os movimentos e ritmos envolventes capturaram a atenção e tocaram o coração dos espectadores.
O diretor artístico do Grupo NegaÔ e um dos criadores do espetáculo, Elídio Neto, explicou que o projeto surgiu para celebrar os trinta anos da Companhia. “O espetáculo levou dois anos para ser construído e foi lançado em comemoração aos 33 anos da companhia. É uma homenagem ao orixá Oxum, que é a progenitora deste grupo e rege nossa Companhia. Decidimos, então, fazer uma saudação ao orixá que fundamentou a construção e a força da companhia.”
Elídio também expressou sua alegria por ter sido convidado a se apresentar na Semana pra Dança, elogiando a receptividade do público e dos organizadores. “Não conhecíamos Mato Grosso do Sul e estávamos curiosos sobre a cena da dança local. A energia do lugar foi contagiante, e a qualidade da produção nos surpreendeu. A atenção dada aos artistas e aos espaços cênicos nos deixou muito felizes”.
O coreógrafo Gil Mendes acrescentou que o processo de criação levou cerca de três a quatro meses, mas que a elaboração do projeto e a liberação da verba através da lei de incentivo exigiram um período de dois anos. “Durante esse tempo, revisitamos o repertório do grupo e extraímos trechos de trabalhos anteriores. As provocações aos bailarinos, sempre ligadas ao orixá Oxum, ajudaram a compor a obra coreográfica”.
Gil destacou a qualidade dos espaços culturais da cidade. “Fiquei contente em conhecer Campo Grande e participar dessa Mostra. É uma oportunidade incrível de mostrar nosso trabalho, especialmente para um público que valoriza a dança. O Armazém Cultural e o Teatro Aracy Balabanian são locais belíssimos. É ótimo estar aqui”.
Isabela Azevedo, bailarina da Companhia há 18 anos, comentou sobre a importância de apresentar o Grupo NegaÔ ao público. “É fundamental que as pessoas conheçam a origem de Oxum e a história do corpo negro em cena. Para mim, a dança representa resistência, energia e sabedoria”.
Também bailarino da Companhia, Luciano Coelho falou sobre ser um bailarino negro no Brasil. “A dança é minha essência e minha salvação. Ser bailarino negro é um diferencial, pois nosso corpo precisa ocupar espaços de destaque. Quando estamos no palco, desafiamos paradigmas e mostramos que nossa essência vai além da cor da pele”.
Na plateia, Natali dos Santos, bancária e formada em Teatro e Dança, expressou sua gratidão pela apresentação. “O espetáculo Abebé é um compartilhamento de experiências e emoções. Ele me trouxe muitas memórias e estou muito feliz por ter assistido a esse trabalho incrível na Semana pra Dança. Agradeço pela oportunidade de receber e participar dessa troca”.
Ariela Barreto, atriz e dançarina, elogiou o espetáculo como uma experiência necessária. “Fiquei emocionada e me identifiquei profundamente com o que foi apresentado. Este espetáculo me fez lembrar por que decidi estudar dança”.
Texto: Karina Lima, Comunicação Setesc
Foto: Ricardo Gomes
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