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Juliane Gamboa: A Voz da Nova Bossa, a Raiz do Jazz e a Força da Mulher Negra

Foto do escritor: eusoumseusoums

JAZZWOMAN, o aguardado álbum de estreia da cantora e compositora Juliane Gamboa. Disponível nas principais plataformas de música, o disco chega com a assinatura da gravadora Biscoito Fino e traz à tona uma sonoridade que conecta o samba e o jazz, a ancestralidade e a modernidade, a MPB e o soul. Juliane, que é filha de um percussionista e cresceu imersa na música popular brasileira, se firma cada vez mais como uma artista multifacetada e inovadora, capaz de criar uma obra singular que resgata tradições e ao mesmo tempo aponta para o futuro.



A Raiz Musical de Juliane Gamboa: Samba, Jazz e Herança Cultural


Desde a infância, a música foi a trilha sonora que moldou Juliane Gamboa. Cresceu ouvindo samba e pagode, influências herdadas do seu pai, e com o tempo, passou a se aventurar por outros estilos, como o jazz e o soul, através do impacto que artistas como Michael Jackson e grandes nomes da música católica – que carregavam uma forte veia jazzística – tiveram em sua vida. A música de Elis Regina, Djavan e Milton Nascimento, apresentada por sua mãe, foi o que realmente a aproximou da MPB e a fez entender o poder da canção como forma de expressão.


“Eu sou uma artista transeunte, gosto de beber de diversas fontes. E esse conceito se reflete em meu trabalho: ele é uma mistura de tudo que me atravessa”, revela Juliane, ao explicar a construção de seu novo projeto.


JAZZWOMAN: Um Disco que Celebra a Mulher Negra e a Liberdade Criativa


Composto por um repertório que vai do samba ao jazz, passando por soul, R&B e até influências da música católica, JAZZWOMAN é um álbum que fala sobre a força, a liberdade e a criatividade da mulher preta. A canção de abertura, "Transeunte", encapsula o espírito do disco, abordando a fluidez e o desejo de explorar diferentes mundos sonoros e culturais. Juliane explica que a música é sobre a busca pela subjetividade expandida, algo que se reflete não só na sua música, mas na própria trajetória de vida que a cantora percorre.


A ancestralidade é outro tema presente no álbum, como se pode ouvir em faixas como Banzo (compositor Marcos Valle e Odilon Olynto), que evoca as marcas da história afro-brasileira. "Vozes-mulheres" e Herança reafirmam a potência de mulheres negras como guardiãs da memória e da resistência, ao mesmo tempo que a sensualidade é celebrada em canções como Eu Sou Mulher, de Filó Machado e Judith de Souza.


Improviso e Espiritualidade: A Essência do Jazz em JAZZWOMAN


Embora o jazz seja uma das influências predominantes no álbum, a grande estrela de JAZZWOMAN é o improviso. Arranjos criados pelo músico Lucas Fixel e a direção musical compartilhada entre ele e Juliane criam uma sonoridade de atmosfera íntima e espiritualmente carregada. A artista ressalta: “A individualidade de uma mulher negra é muitas vezes negada, e é isso que tento afirmar com minha música. Busquei explorar o jazz, mas principalmente a liberdade de ser e criar.”


A força da espiritualidade também está presente nas canções, que abordam a conexão profunda com a ancestralidade e a luta por um futuro mais digno para mulheres e negros. A voz de sua avó, Néa Martins, entrelaça-se ao longo do álbum, narrando histórias e interlúdios que unem as gerações e representam o elo entre o passado e o presente de Juliane.

Reconhecimento e Trajetória: Juliane Gamboa no Cenário Musical


Antes de JAZZWOMAN, Juliane já havia se destacado com os singles Vambora (2020) e No Espelho (2020), que foram a introdução ao seu estilo único e à sua capacidade de se comunicar com seu público de maneira visceral e autêntica. Sua trajetória inclui também colaborações com artistas renomados, como Zélia Duncan, Ana Costa e Preta Gil. Para Juliane, a cantora Preta Gil é uma grande referência, uma verdadeira "JAZZWOMAN" que luta pelas minorias e pela liberdade de expressão.


Seu trabalho também chama atenção de grandes nomes, como Chico César, Teresa Cristina, e até a cantora de blues norte-americana JJ Thames. Além disso, Juliane participou da residência artística MARES no Oi Futuro, e, em 2024, foi selecionada para o programa internacional OneBeat (EUA). Para 2025, ela foi convidada a participar da residência "Stop Over 3", em Berlim, ao lado de artistas internacionais do jazz, como Natalie Greffel e Kayla Briët.


Conclusão: A Música como Libertação e Empoderamento


Em JAZZWOMAN, Juliane Gamboa não apenas se reinventa, mas também reafirma seu compromisso com a liberdade criativa e o empoderamento feminino, especialmente o feminino negro. Para ela, a música é um meio de romper o silêncio e afirmar sua dignidade e prazer. "Cantar, pra mim, é romper o silêncio pela minha dignidade, pelo meu descanso, pelo meu prazer", diz Juliane, refletindo sobre o papel da arte na luta contra o racismo e a opressão.


Em um cenário musical brasileiro e internacional, JAZZWOMAN é uma obra que ressoa com as novas demandas sociais e políticas, ao mesmo tempo que reinterpreta e preserva a rica tradição da música brasileira e do jazz. Juliane Gamboa é, sem dúvida, uma artista do nosso tempo: uma voz que se eleva e que, como o jazz, flui, se reinventa e se torna ainda mais forte a cada nota.

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