Enquanto o número de mortes só aumenta (chegamos a 250 mil óbitos causados pela Covid-19) eu sigo me perguntando: mais quantas pessoas morrerão até que isso acabe?
Estamos caminhando para um ano de pandemia, quase 365 dias. Quando tudo isso começou, em março do ano passado, eu acreditava que seria algo temporário, mas, agora, está cada vez mais definitivo.
As mortes aumentam na mesma proporção em que as medidas de prevenção diminuem. A vacina chegou, mas chegam também novas variantes que estão cada vez mais letais. Ser jornalista, às vezes, nos faz pagar um preço alto: o acesso à informações que nem todos têm e que demonstram que o que está por vir é infinitamente pior do que já vivemos.
Sim, ninguém mais aguenta ficar longe dos seus, não poder abraçar, aglomerar, não poder levar a vida normalmente, fazer festas ou, em muitos casos, trabalhar. Eu também não aguento, mas morro de medo de abraçar meus pais quando os vejo. Fim de ano, que fui para Campo Grande, não pude ver minha família e, muito menos, dar um abraço apertado em cada um. A única amiga que eu vi foi com o portão nos separando e nós duas de máscaras.
Mas, mais do que isso, eu não aguento mais viver com medo: o da incerteza, o de perder alguém próximo, o de ser contaminada e de contaminar alguém. Não aguento! Quando meu marido positivou, o meu medo foi de que estivesse contaminada, mas não estava. Depois, veio a preocupação com ele e de como ele iria passar pela covid ( Graças a Deus, tudo correu bem e sem sequelas). No fim do ano veio o medo de estar contaminada e sem saber contaminar meus pais. Há alguns dias meu irmão positivou e a preocupação era com as pessoas de risco próxima a ele. Medo, medo e medo. Sentimento que resume a minha vida nesse último ano. E se você não liga para a pandemia e curte a vida normalmente, talvez esse texto não seja para você.
Não consigo ignorar o que está acontecendo e, por favor, não me venha com o papo de invenções da imprensa, dos comunistas ou seja lá qualquer outra teoria. As previsões para os próximos dias não são animadoras, a luz no fim do túnel não chega e mais pessoas continuam morrendo. Alguns só se importarão quando o vírus chegar da forma mais agressiva que existe e quando os dados da estatística tiverem um nome e um rosto conhecido. Até quando isso irá durar? Até quando as mortes continuarão aumentando? Até quando eu terei que conviver com esse medo de perder alguém próximo a mim por conta desse vírus? Não sei, não há resposta e, tão pouco, uma solução a curto prazo. Enquanto isso, vamos esperando e acreditando em um futuro melhor.
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