O Projeto Brasil, um coração que acolhe, da Organização humanitária Fraternidade sem Fronteiras (FSF), localizado no estado de Roraima passa por uma reestruturação e triplica a capacidade de acolhimento aos refugiados e migrantes venezuelanos, passando de 500 para 1500 acolhidos. A mudança foi necessária devido ao crescimento do fluxo migratório na fronteira entre Brasil e Venezuela e faz parte de uma reorganização da Operação Acolhida do exército brasileiro.
No início deste ano, o Projeto Brasil, um coração que acolhe assumiu a coordenação civil de mais um Centro de Acolhimento, o Pricumã, localizado também em Boa Vista - capital do estado de Roraima. Até 2021, a Fraternidade sem Fronteiras era a única organização civil que mantinha um Centro de Acolhimento com recursos próprios provenientes do apadrinhamento, o Centro de Acolhimento São Vicente 2.
“No segundo semestre de 2021, nos submetemos a um edital da Agência da ONU para refugiados no Brasil, o ACNUR, para o ciclo de operações 2022-2023. Fomos selecionados para manter a parceria com o ACNUR, que agora já vai para o terceiro ano consecutivo, e assim conseguiremos continuar potencializando o alcance do projeto em favor dos refugiados e migrantes venezuelanos que buscam novas oportunidades no Brasil.”, explica Arthur Dias, Gerente do Projeto.
Foi necessário um planejamento para a implantação das mudanças, entre elas: os acolhidos do Centro de Acolhimento São Vicente 2 foram transferidos, aos poucos, para o Centro de Acolhimento Espaço Emergencial 13 de Setembro, que também ampliou a capacidade de acolhimento, de 270 pessoas para quase 500 pessoas.
Com este remanejamento e agora com o apoio do ACNUR para a manutenção básica dos centros de acolhimento, os valores do apadrinhamento e das doações únicas passam a ser direcionados para o melhoramento da assistência aos nossos acolhidos como a complementação alimentar, capacitação profissional, interiorização e o principal: para a manutenção do Centro de Capacitação e Referência que agora é 100% mantido com recursos provenientes de doações.
“O apadrinhamento é cada vez mais importante. O Centro de Acolhimento Pricumã tem muitos idosos e pessoas com doenças crônicas, doenças em geral, sem falar nos menores de idade desacompanhados. É no cuidado redobrado que precisamos ter com esse público, como o apoio com medicações, transporte para atendimento de saúde especializado, alimentação especial, que as doações serão fundamentais”, explicou Vanessa Epifânio, Coordenadora de Operações do projeto em Roraima.
O Projeto segue com quatro frentes de trabalho, sendo três em Boa Vista e o Centro de Capacitação e Referência em Pacaraima, cidade na fronteira entre Brasil e Venezuela. Para as novas demandas, a equipe de colaboradores também foi ampliada, 11 novas vagas de emprego foram abertas para o início das atividades no novo centro de acolhimento, sendo três delas para profissionais responsáveis pela interiorização dos acolhidos.
“O principal desafio para 2022 é encontrar um local para as pessoas que estão aqui no Brasil sem família, nem amigos. Acabam restando poucas vagas para elas. Outro ponto é o novo Centro de Acolhimento, o Pricumã, que tem muitas pessoas com problemas de saúde. Nem todas estão aptas ao trabalho e outras não estão aptas a qualquer trabalho”, explicou Juliana Lopes, líder de interiorização do projeto. Para ela, a interiorização é a melhor saída para as famílias que não conseguem emprego em Roraima e quem possa acolher essas famílias com todo o suporte será muito bem-vindo.
Desde 2017, já são quase 1500 interiorizações, um recomeço para quem chega ao Brasil em busca de novas oportunidades.
“Nós gostamos muito do São Vicente 2. Vivemos como comunidade. Participamos de tudo. Cozinha comunitária, limpeza, cursos, sala de costura. Sabemos que a mudança vai ser boa para todos. É uma mudança para melhor”, disse Carlos Castro, acolhido por oito meses no Centro de Acolhimento São Vicente 2 com a esposa e os 3 filhos.
Sobre o Projeto Brasil, um coração que acolhe - atua, desde outubro de 2017, com cinco frentes de trabalho para o acolhimento de refugiados e migrantes venezuelanos nos estados de Roraima e Amazonas, na região Norte do Brasil. As ações são com assistência psicossocial, educacional, médica, reinserção socioeconômica, integração cultural e interiorização. Sobre a Fraternidade sem Fronteiras – A FSF é uma Organização humanitária e Não-Governamental, com sede em Campo Grande (MS) e atuação brasileira e internacional. A instituição possui 68 polos de trabalho, mantém centros de acolhimento, oferece alimentação, saúde, formação profissionalizante, educação, cultivo sustentável, construção de casas e ainda, abraça projetos de crianças com microcefalia e doença rara. Todos os trabalhos são mantidos por meio de doações e principalmente pelo apadrinhamento. Com R$ 50 mensais é possível contribuir com um projeto e fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.fraternidadesemfronteiras.org.br
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