Era uma vez uma companhia de dança sul-mato-grossense que queria mergulhar no universo infantil; com a transversalidade de linguagens criar um espetáculo para crianças. Desde o início deste ano a Cia Dançurbana tem se dedicado ao projeto ´Era Uma Vez – Dança para Criança´, que consiste na criação de um espetáculo, apresentação dessa criação e realização de oficinas. O projeto está sendo desenvolvido com o incentivo do Fundo Municipal de Investimento Cultural (FMIC).
De acordo com o diretor da companhia, Marcos Mattos, a vontade de atuar com essa temática é um desejo antigo do grupo. Até então, com 17 anos de atuação, a Cia Dançurbana nunca tinha produzido um espetáculo voltado para crianças. "Estudar a infância é, ao mesmo tempo, nos sensibilizar e isso aguça nossa curiosidade, impulsiona nosso desejo de nos modificarmos e melhorarmos como artistas", diz.
Pesquisar as temáticas da infância e da arte contemporânea tem sido um desafio para a companhia, como conta Marcos: "Para essa criação propomos a transversalidade de linguagens (poesia, brincadeiras, teatro, música, palhaçaria, contação de história e dança), além de identificarmos a necessidade de nos aproximarmos cada vez mais desse universo lúdico, ritualístico e que aguça nossa imaginação. A importância de uma criação como essa é que a partir dessa aproximação, passamos a entender, respeitar e contribuir de maneira mais efetiva nas fases de aprendizagem e troca de cada criança".
Desenvolvimento do projeto
Para mergulhar no universo infantil e construir o espetáculo, a equipe tem se dedicado em uma série de atividades. Ensaiando cinco vezes por semana, 4 horas por dia, o grupo iniciou o desenvolvimento do projeto em fevereiro deste ano. Desde então, o diretor e os intérpretes-criadores participaram de diferentes oficinas e workshops: Oficina de Teatro com a artista Carol Dória, Oficina de Palhaçaria com o ator Anderson Lima, Oficina de Percussão com o músico Rodrigo O´Campos, Workshop de Canto com a professora de música Keizy Perusso e Oficina de Contação de História com o artista Ciro Ferreira.
Em paralelo, a companhia fez uma ampla pesquisa bibliográfica, momento em que se aprofundaram nos estudos e puderam descobrir mais sobre a infância por meio de uma linha de pensamento proposta por Rudolf Steiner, a Antroposofia, e a subdivisão da infância e da vida adulta em diferentes setênios, como é proposto pelo autor.
O grupo seguiu os trabalhos com práticas corporais e composições, entre os próprios integrantes e junto as crianças. Recentemente, os intérpretes-criadores visitaram escolas municipais e o projeto Asas do Futuro, que em uma próxima etapa, receberão oficinas e apresentações do novo espetáculo. Nessas visitas, o objetivo foi observar as crianças, seus comportamentos, movimentos, entre outros.
"Dia após dia temos construído o espetáculo com os aprendizados adquiridos nas oficinas e workshops, com as nossas pesquisas e estudos, com as vivências e observações das crianças, entre outras atividades. É um processo contínuo de construção e lapidação. Agora, vamos seguir com a criação das cenas do espetáculo, escolhas dramatúrgicas e refinamento das escolhas; sempre com encontros regulares entre todos os artistas e colaboradores da criação", ressalta Marcos.
Assim que finalizar o espetáculo a Cia Dançurbana levará oficinas e apresentará este trabalho para as crianças da Escola Municipal Hercules Maymone, Escola Municipal de Educação Infantil Juracy Galvão Oliveira, Escola Municipal Professor Plínio Mendes dos Santos e do projeto Asas do Futuro. Em breve serão compartilhadas informações sobre as datas das apresentações.
Texto: Isabela Ferreira / Reconta Conteúdo
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