Nasce uma mãe e nasce a culpa. É incrível como somos, quase que diariamente, visitadas por esse sentimento.
Às vezes ele vem sorrateiro, às vezes chega destruindo tudo que construímos, colocando em cheque nossa maternidade e nossas escolhas.
Fato é que toda mãe, em algum momento, irá se culpar pelas decisões que tomou. Algumas vezes nos culpamos por algo “físico” como o resfriado que poderíamos ter evitado, o tombo que não deveria ter acontecido ou a dor de barriga porque a criança comeu demais.
Outras vezes a culpa é por conta das decisões que tomamos ou pelo que deixamos de fazer. A mãe que se sente culpada por ter retornado ao mercado de trabalho ou a mãe que se sente culpada por ter aberto mão da profissão para ficar em casa com os filhos.
Lá está ela, a culpa. Sabotando a nossa capacidade de enxergar as vitórias escondidas em cada um desses processos. Em episódios de doença, culpa faz com que a gente esqueça a nossa capacidade de ser porto seguro para nossos filhos e esconde a nossa força. Quando a culpa aparece nas nossas decisões esquecemos o que estamos conquistando. Enquanto seguimos alimentando a culpa, deixamos passar a felicidade contida nas pequenas coisas.
E sabe por qual motivo escrevi esse texto? Porque, há alguns dias, o sentimento de culpa bateu forte aqui dentro de mim quando veio o diagnóstico de atraso de fala da Lívia, me culpei por não ter percebido antes, por não ter evitado, por não ter feito nada. A culpa foi me corroendo e eu fui deixando de prestar atenção nos pequenos detalhes, nas pequenas conquistas. Até que, um dia desses, consegui deixar a culpa de lado e comecei a observar o que de bom isso tinha me trazido: uma criança que está aprendendo a falar corretamente, a possibilidade de conhecer uma profissional capacitada e que enxerga as dificuldades da Lívia e uma família empenhada em ajudá-la .
O meu recado, hoje, é especialmente para as mães. Não deixem que o sentimento de culpa roube espaços destinados a outros sentimentos tão mais importantes. Não carreguem esse fardo tão pesado, de se sentirem culpadas, por algo que não teria como ser evitado.
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