No Dia do Samba, o coração do MS bate mais forte: tradições, memórias e novos caminhos de um ritmo que atravessa gerações
- eusoums

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No Brasil inteiro, dezembro chega com a cadência do pandeiro. Mas, se você acha que o samba vive só entre Rio, São Paulo e Bahia, é porque ainda não viu o que ele representa em Mato Grosso do Sul. Aqui, o samba é raiz, comunidade, roda de bairro, quadra, quintal — e também futuro.
O Dia Nacional do Samba (2/12) é só uma desculpa pra lembrar o que a gente já sabe: o Estado respira música, ancestralidade e histórias que passam de pai para filho — e agora, de mãe para filha também.

Um samba que nasce na quadra e cresce na vida
Se existe alguém que carrega esse legado no peito, é Wlauer Carvalho, mestre de bateria da Unidos da Vila Carvalho, uma das escolas mais antigas e importantes de Campo Grande.
Ele literalmente cresceu dentro da quadra.
“Sou nascido dentro da escola de samba. Acompanhei meu pai desde pequeno na luta pra não deixar o samba morrer.”
Aos 15 anos, entrou na bateria. Hoje, aos 51, completa 36 anos como mestre. Para ele, a bateria vai muito além do desfile:é escola, disciplina, formação humana e musical.
A Vila Carvalho, fundada em 1969, também foi pioneira ao criar, em Campo Grande, a celebração do Dia do Samba — que este ano rola no dia 5 de dezembro, reunindo várias gerações no mesmo batuque.
“A vivência é o diferencial. A internet ajuda, mas nada substitui o dia a dia na quadra”, conta Wlauer.
O protagonismo feminino que virou símbolo do samba sul-mato-grossense
Se antes a bateria era território masculino, hoje as mulheres não só chegaram como transformaram o jogo.
Sampri
As irmãs Luana, Luciana e Fernanda Thomaz são referência desde 2002. Elas pesquisam repertório, valorizam compositores locais e tratam o samba como missão.
“Somos pioneiras enquanto intérpretes, instrumentistas e compositoras em MS”, conta Luciana.“Respeitamos quem começou antes. É a base de tudo.”
Mistura das Minas
O coletivo reúne Ariadne Farinéa, Erika Jarssen e Luana Aguilar — três trajetórias atravessadas pelo samba desde a infância, entre Rio, Campo Grande e as quadras da Igrejinha.
Ariadne cresceu entre rodas de samba e passistas.
Erika herdou o pandeiro do pai, Antônio Pacheco, e hoje dirige a ala de caixa da Igrejinha.
Luana desfilou desde pequena e hoje comanda a ala de chocalhos.
“Nos unimos porque acreditamos no samba interpretado por mulheres. Quanto mais diverso, mais forte ele fica”, diz Ariadne.
Samba de MS: entre passado, presente e o futuro que já está nascendo
O samba se espalha por tudo no Estado:
desfiles tradicionais de Corumbá,
quadras históricas da Vila Carvalho e Igrejinha,
rodas nos bairros,
grupos femininos que pesquisam e reinventam repertórios,
crianças aprendendo percussão nas escolinhas.
É memória viva. É identidade.
E também é política cultural:O Dia do Samba ganhou destaque nacional após o I Congresso Nacional do Samba (1962) e a Carta do Samba. Em 2023, a Lei 14.567 reconheceu oficialmente as escolas de samba como manifestações da cultura brasileira.
Aqui no MS, isso se sente no corpo. No repique. No ensaio de terça. No figurino bordado à mão.
“O samba sempre esteve nas comunidades. Agora expandimos nossos horizontes. Cultura se constrói na diversidade”, resume Ariadne.
E se você é de fora… bem-vindo ao nosso ritmo
Apresente o MS para seus amigos enviando este recorte da nossa história.Leve eles para uma roda, um ensaio, um samba de bar.Mostre que o samba daqui é:
afetivo,
plural,
feminino,
comunitário,
e cheio de gente que mantém viva essa tradição no peito.
Um ritmo que virou país — e virou MS também
O samba nasceu lá atrás, com Donga e “Pelo Telefone” em 1916. Cresceu com Pixinguinha, Sinhô, João da Baiana. Ganhou o mundo com Caymmi e João Gilberto.
E hoje, pulsa no Centro-Oeste com a mesma força que pulsa no Rio.
Porque onde tem gente, tem samba.E onde tem samba, tem história acontecendo — do nosso jeito sul-mato-grossense: com verdade, comunidade e muito coração.
Com informações e entrevistas da FCMS









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