Como muitos devem saber, viajar para a Europa nestes momentos de COVID não está fácil, ainda mais devido as últimas restrições implementadas por diversos países europeus. Aqui vou contar a experiência de um Sul-mato-grossense que vive na Europa em seu retorno.
Mas para chegarmos neste ponto, precisamos voltar alguns dias. Decidi vir passar férias no Brasil, aproveitar para rever a família e matar a saudade dos meus amigos. Compramos a nossa passagem no final do ano de 2020 uma vez que, as regras para viajar estavam mais brandas. Passagens compradas, voos confirmados, logo começaram as mudanças de regras; o governo brasileiro agora exigia também o teste RT/PCR (o tão temido teste do cotonete), para todas as pessoas que chegassem ao Brasil. Então era mais um ponto a ser visto antes de iniciar a viagem. Aqui na Europa pagamos 65 euros em cada teste RT/PCR, que ficou pronto em 24h. Com mais este passo certo agora era só fazer o seguro viagem, (inclusive depois vou voltar a este ponto e falar sobre a necessidade disso), fechar as malas e seguir viagem.
Nosso voo saiu do Porto no dia 21/01 com conexão em Madrid, voo tranquilo até lá e depois para o Brasil sem grandes complicações.
Ao chegar no Brasil sequer foi perguntado sobre o teste ou houve algum controle se tínhamos ou não feito, se tínhamos algum sintoma ou febre. Diferente dos aeroportos na Europa que, antes do checkin e embarque, era necessário apresentar o teste.
Este tempo no Brasil foi um tempo muito bom, estive na Cidade Morena e aproveitei dos encantos do pôr do sol no Parque das Nações e até mesmo do parque de diversões instalado no Shopping Campo Grande. Além claro de comer chipa, sobá e tomar muito tereré.
Nosso voo de retorno estava agendado para o dia 22/02, porém na semana em que chegamos Portugal decidiu fechar as fronteiras e com isso os voos estavam proibidos. Com isso a companhia aérea decidiu alterar o nosso voo para o dia 23/02, até aí sem grandes problemas e pronto agora tínhamos uma data de retorno. No dia 17/02 a companhia aérea mudou a nossa passagem que era da Ibéria para a Latam mas manteve o regresso por Madrid que era o país que ainda aceitava voos vindo do Brasil, mas no dia 18/02 a Espanha decidiu fechar fronteiras com o Brasil, assim como diversos outros países também o fizeram e então novamente nosso voo foi mudado. Agora a Latam enviou o nosso bilhete para a Air France que como a França era o único país aberto para voos do Brasil era o único caminho de voltar para casa.
Então começamos a saga de preparar a documentação, teste RT/PCR e torcer para não haver nenhum cancelamento.
Alguns pontos importantes antes de continuarmos. A necessidade de se fazer um seguro viagem. Como moramos em Portugal temos o nosso seguro de saúde de lá e não temos mais plano de saúde no Brasil, logo quando vamos para qualquer outro país fazemos o seguro viagem. Isso cobre assistência médica e até mesmo em caso de acidentes existe uma apólice que cobre todos os custos. No Brasil tivemos que utilizar o nosso seguro de viagem, e se não fosse por ele teríamos tido que desembolsar uma boa quantia em dinheiro. Infelizmente nosso SUS ainda não é tão bom como deveria e temos a necessidade de passarmos por hospitais particulares. Então fica a dica, faça sempre seu seguro de viagem.
Voltando a viagem uma dica interessante para quem vai pegar o voo internacional do aeroporto de Guarulhos é que o Hospital Albert Einstein abriu uma unidade de testes RT/PCR com análise e entrega do resultado rápida em até 4h. O custo por cada exame sai por 350 reais e o meu resultado ficou pronto em uma hora. O padrão de atendimento do Einstein nem preciso comentar, e as cabines de coleta foram as melhores que fui até hoje ganhando inclusive das dos laboratórios europeus.
Agora malas prontas, exame de Covid negativo, vamos ao checkin. Diferente do voo de vinda ao Brasil este estava bem cheio, filas e mais filas e as atendentes da AirFrance estavam bem rígidas sobre a documentação. Pessoas que não possuíam residência ou fossem europeus o checkin não era liberado. Vi várias pessoas tendo que remarcar os voos. Então se tem viagem marcada para a Europa se informa com sua companhia aérea primeiro antes de ir para o aeroporto pois não está embarcando, pelo menos por agora enquanto ainda as fronteiras estão fechadas.
Se você está lendo e tem a documentação necessária e não está conseguindo regressar, procure voos pela França.
Assim que chegar na França continuo o relato até chegar em casa. Neste momento estou sobrevoando as ilhas de Cabo Verde.
Finalmente cheguei na França, assim como em todos os demais voos o desembarque é feito fileira a fileira para respeitar o distanciamento social na saída. Vale ressaltar um ponto importante que para os voos da AirFrance é obrigatório o uso de máscaras cirúrgicas, uma vez que existe uma lei na França que exige que em todos os transportes públicos devem ser usados esse tipo de máscara ficando proibido o uso das de pano, como o avião é considerado para eles um meio de transporte público, também é obrigatório, então fica esperto se for viajar por eles que sem essa máscara não embarca e se estiver na França e não usar esse tipo de máscara pode receber uma multa que pode chegar até aos 3 mil euros
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Após o desembarque tudo normal como em todos os voos internacionais, retirar tudo das malas de mãos na chegada do raio-x e depois tentar colocar tudo dentro da mala novamente, após isso vem o controle de fronteiras. Ao chegar lá eles validam que não tenha ninguém como turista, se tiver é proibida a entrada, ao menos isso estava escrito em diversos cartazes antes do controle de fronteiras, uma vez provado que é residente na Europa eles apenas pedem o teste RT/PCR negativo e está liberado.
A parte chata deste meu voo foi que tive que fazer uma escala de 6h em Paris e em tempos de Covid não se pode sair do aeroporto. Por isso, uma dica que eu dou a todos que vão ou passarem pela França é: comam um croissant de chocolate, independente de qual lugar que for, todos são excelentes!
Após 6 horas de espera finalmente começa o embarque para o meu voo para Portugal, novamente são validado os passaportes e testes RT/PCR, e segue o embarque fileira a fileira.
Após o voo é servido normalmente o serviço de bordo, diferente do Brasil que em todos os voos nacionais estão proibidos o serviço de bordo, aqui na Europa isso segue normal.
Após aterrissagem o desembarque seguiu como os outros fileira a fileira, a diferença agora é que o aeroporto estava praticamente entregue as moscas, um vazio enorme só tinha o nosso voo, diferente do aeroporto na França que parecia vida normal aqui estava tudo diferente, não existia nenhuma loja aberta e só tinha nós de passageiros no aeroporto. Uma grande diferença de outros voos em tempos normais dentro da Europa foi que ao chegarmos passamos novamente por um controle de fronteiras onde validaram os documentos de viagem e se eram residentes e teste do COVID, se não tivesse um teste válido era obrigatório fazer o exame no local no custo de 150 euros e quarentena obrigatória de 14 dias. Após finalmente 35 horas desde a saída, finalmente estava em casa.
Espero que o meu relato possa ajudar a quem está precisando vir para cá ou quem tenha curiosidade de como está sendo as viagens internacionais neste momento de Covid.
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