Há alguns dias, de uma hora para outra, Lívia teve que ser retirada do pouco convívio que tinha com familiares por conta dos aumentos dos casos de covid em nossa cidade (assim como em todo o Brasil).
Acabou a visita na casa da vó aos fins de semana, a brincadeira com a prima, que é nossa vizinha, e os passeios no mercado que ela tanto gostava. Desde o início da pandemia ela sabe que deixamos de fazer n coisas por conta do coronavírus e vem entendendo numa boa. Às vezes questiona, mas entende.
Ontem, depois de quase dez dias sem ver a prima, elas brincaram separadas pelo portão. A prima na calçada e ela dentro de casa, na varanda. Foi a forma que elas encontraram para matar a saudade e brincarem um pouco. Enquanto eu conversava com a minha cunhada fiquei observando as meninas brincando.
A gente fala muito em sequelas aos adultos, nas pessoas que são contaminadas, mas e as nossas crianças? Quais impactos essa pandemia trará na vidinha deles?
Nós, adultos, estamos preocupados com medo de estarmos contaminados e não sabermos. Nesses últimos dias, pelo menos em casa, temos ficado ainda mais alertas e acabamos passando isso para ela. Está difícil lidar com tudo isso sendo grande, imagine os pequenos.
Pequenos que estão aprendendo a entender os seus sentimentos e nem conseguem saber o que estão sentindo. Que tiveram que aprender a conviver com a saudade. Em outros casos mais graves, perderam os pais, um tio ou um avô. Perderam a liberdade que tinham, a escola, o contato com os amigos que é tão importante para o desenvolvimento. Como ensinar essas crianças a lidarem com o que estão perdendo? A lidarem com o medo que estão desenvolvendo? Eu venho tentando deixar o dia da Lívia mais leve, mas está difícil. Porque antes preciso aprender a deixar o meu mais leve, o meu mais tranquilo e não consigo. Sonhando e esperando o dia que tudo isso será passado, que as coisas voltarão ao normal e que poderemos abraçar uns aos outros sem medo. Enquanto isso não acontece, fiquem em casa, se puder, e usem máscara.
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