Se existe uma certeza na vida, é de que iremos partir. Ou que perderemos pessoas. As duas coisas parecem incabíveis dentro da nossa cabeça, mas é o ciclo natural da existência terrestre. E, mesmo sendo a principal lei que nos rege, neste espaço-tempo que chamamos de vida, ainda assim não aprendemos a lidar.
Mas poucas vezes a morte foi tão corriqueira como agora. Nos tornamos números, que vão e vem nos noticiários, nas postagens do Facebook e nas conversas entre amigos. E por mais banalizada que ela tenha se tornado, ainda age como um tornado no núcleo de amigos, conhecidos e familiares que invade.
Já ouviram falar daquela ferramenta chamada Google Trend? De 2004 para cá, estamos exatamente no pico dos termos pesquisados no Google sobre morte. Como se fosse um terreno em brasas que quase todos estivéssemos caminhando, juntos, lado a lado. Uns queimam mais, outros menos, mas todos sairão machucados.
Quem me conhece sabe que tenho uma lista curta de medos. Morro de medo de tempestade, cobra e de perder quem eu amo. Os dois primeiros são totalmente controláveis, basta não entrar em contato com nenhuma situação que me coloque à prova, que me exponha e me leve a encarar as minhas inseguranças, que estou ‘a salvo'.
Mas e como não encarar a morte? Dar de cara com algo que nos desalinha, que nos enche de insegurança e que é irremissível? Como encarar o fato de que o amor da sua vida saiu para trabalhar e não voltou? Deixou a toalha jogada de qualquer jeito em cima da cama, a tarefa do trabalho por fazer... Nem deu tempo de você dar um último abraço, dizer o quanto o queria bem.
A impressão, nesses momentos desafiadores que estamos passando, é que ela vai chegar a qualquer hora. No colega de bar, que talvez não esteja se cuidando tanto; no tio obeso e cheio de problemas de saúde. No trabalho, nos amigos.
A verdade é que não temos como fugir. E estamos tão errados em tentar fazê-lo. Tem uma daquelas frases bonitas que ficam famosas no Pinterest que diz:
“Para que nos preocuparmos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos que resolver primeiro.
Eu tenho tentado me fortalecer desta forma. Há alguns anos perdi minha mãe, vítima de um câncer agressivo. Em suas últimas semanas ela me ensinou muito sobre amor, sobre vida, mas também sobre morte. Foi com ela que entendi que devo me preocupar com o amor que estamos dispostos a doar e receber. E que as pessoas vão embora sim, mas o que eu posso fazer enquanto estão conosco? Ou enquanto nós estamos?
Perdi recentemente duas pessoas muito próximas e que me deram muito, enquanto estavam vivas. Mas com elas não foi somente sentimento de or. Eu tinha e tenho a certeza absoluta que me entreguei e compartilhei todo o amor, reconhecimento, amizade e carinho que eu tinha para dar. Não quero, nem por um minuto, me arrepender de não ter sido o suficiente.
Claro que não há maneira certa de lidarmos com a morte. Mas amigos, há uma maneira muito correta de lidar com a vida: Vivendo. Amando. Tendo empatia. Acolhendo.
A morte está aí para nos esfregar na cara que ela não é o problema. Pois não há borracha que possa apagar uma perda, ela ficará marcada para sempre em nossa história. Mas há uma forma de escrevermos lindas histórias com essas pessoas antes delas nos deixarem.
Então, se eu puder dar um conselho: fale para quem você ama, que você o ama. Esse é o sentido da vida, compartilhar amor.
Beijos e força para todxs nós!
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