Uma vez no meio de uma conversa lembrei quando um dos melhores reumatologistas daqui de Campo Grande/MS, olhou e disse: você tem lúpus, vamos fazer exames para confirmar. Lembro que sai do consultório mais confusa que entrei. Nunca tinha escutado falar daquela doença.
Sou uma pessoa curiosa e questionadora. Devido a isso, fui procurar saber mais sobre. Queria entender, de onde veio, porquê estava acontecendo aquilo comigo. Comecei a ler e deu desespero. Um sentimento de impotência. Acreditava fielmente que tinha acabado minha vida, que me limitaria a viver e que estava tudo perdido.
Não era lúpus. Na verdade era, mas meus exames vieram todos negativos. Foi quando fui diagnosticada com fibromialgia. Fiquei arrasada. Também não conhecia. Ele disse que precisaria acostumar com a dor, pois provavelmente ela iria me acompanhar pelo resto da vida. Mais uma vez me senti perdida. Mas segui firme.
Em 2010 quando já estava internada, e foi confirmado o lúpus, não questionei ninguém. Não questionei a vida, não queria saber o motivo, só queria sobreviver. Queria lutar e conseguir sair daquele hospital.
Consegui. Anos depois após uma crise, tive problemas sérios de memória. Fiz mais um exame, entre vários que já tinha feito. Descobri um problema no cabeça.
Lembro exatamente do dia. Fiz o exame e acreditava que não iria aparecer nada. Na época estudava anatomia, (quando cursei farmácia, um dia conto essa “aventura”). Era engraçado porque eu não ia bem nas aulas, mas quando peguei o exame consegui entender cada parte que ele dizia.
Quando abri o exame comecei a ler e fiquei sem chão. Lembro que chorei. Chorei. Chorei. Era uma mistura de medo, de desespero. Peguei o carro e sai dirigindo. Era como uma cena de novela, minha vida passando na minha cabeça. Eu tentando chegar logo ao serviço de minha mãe. As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Fui.
Cheguei e chorei feito bebê nos braços da dela. Ela sempre foi meu Porto Seguro.
Não queria aquele diagnóstico. Poxa, já não bastavam os que eu tinha. Mas a vida é assim; tem aquela frase: quando você aprende a andar de bicicleta, a próxima fase é sem rodinhas! É uma adaptação contínua. Somos transformações. A adaptação faz parte.
Nessa mesma época li um texto com o título: diagnóstico não é sentença!
Sensacional!
É uma frase que sempre penso. Não é só porque meu corpo não aguenta tudo o que gostaria que preciso me limitar.
Não é só porque, tenho todas as chances de não ter uma vida longa, que ela precisa ser triste. Não é só porque minha mente é intensa e insana que preciso parar de pensar tanto. Não é porque não posso realizar todos meus sonhos agora, que preciso parar de sonhar. Pelo contrário, vou sonhar cada vez mais, aliás ,meus sonhos são combustíveis para alcançar meus objetivos. Não é só porque não posso conhecer todos os destinos que tenho listado, que vou parar de imaginar eu entrando no avião e indo. Não é ilusão. Talvez até seja, mas prefiro chamar de fé. Não falam que a fé move montanhas? Pois é. Eu sigo com muita fé na vida, embora tenho meus dias ruins, procuro focar nos bons, olhar ao redor e agradecer por ter passado por tantos obstáculos e estar aqui.
Não, não quero elaborar um texto de autoajuda, longe de mim.
O que quero dizer é que não nos podemos nos limitar. Já viu um paratleta se reerguendo após um acidente? É sobre isso que digo. Adaptação. Superação. E nunca, em hipótese alguma deixar um papel definir suas escolhas, seus sentimentos, sua vida. Temos que enfrentar o medo. A vida por mais que seja curta, que seja difícil; vale a pena ser vivida! Acredite em mim!
Qual sua motivação? Me conta! ;)
Foto: Anderson Félix
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