Certamente a frase desse título não é minha, mas poderia facilmente ser de algumas amigas, primas, primos e pessoas próximas que estão por aí, passando o dedo para o lado à procura do perfil perfeito.
Aliás, conheço vários casais maneiros – meu irmão, cunhada e sobrinha, uma das famílias mais lindas à minha volta, é fruto positivo do tal dos apps de relacionamento. Porém eu, Dayane, confesso que tenho vários pés atrás. Não gosto muito de coisas que possam soar automáticas e seguem aquele fluxo pré-estabelecido:
1) Eu dou like em fotos que normalmente possuem cachorros que nem são daqueles
donos.
2) Alguém me devolve esse like, valorizando uma foto que não diz absolutamente nada
sobre minha personalidade difícil.
3) A gente conversa. E tenta conversar a melhor conversa. Mas escrevendo é difícil né?
Eu querendo ser sarcástica, posso parecer sem graça. Chata. Ou simplesmente não
conseguir acompanhar as mensagens em meio a nossa rotina de trabalho tão
cansativa.
4) Depois você marca o encontro. Escolhe o lugar. Tenta parecer a melhor pessoa
possível e, se der sorte, conclui com sucesso e nem recebe mensagem no dia seguinte.
Tenho uma amiga que já ouviu de um cara, nos primeiros minutos do date: “Eu sou viciado em coca”. E ela, inocente que foi, imaginou ele com uma garrafa de Coca-Cola dois litros no carro. E outro que foi encontrar com ela e levou 15 pastéis de Belém.
Outra amiga, uma vez, terminou um date recebendo um golpe de judô porque o mocinho
achou que ele precisava demonstrar suas ‘habilidades’ nela antes de ir embora. Outros que já venderam a ideia de jantares românticos e receberam com miojo e salsicha. Encontros que não rolaram beijo e viraram namoro; outros que foram lindos e nunca mais se falaram.
Eu adoro a história do anão, que não avisou um amigo e pegou ele totalmente de surpresa
quando chegou em sua casa. O que não mudou nada para eles, mas foi uma experiência e
tanto.
Tenho amigos que já fizeram encontros nos quatro cantos de São Paulo. Cafés, supermercados, praças e até bancos de prédios corporativos que ficam na Avenida Paulista, vai entender... Outros que entraram na primeira sala de cinema, onde passava um documentário sobre futebol, para poderem se beijar em paz.
Já eu, sou do time das não-preparadas. Como boa geminiana que sou, prefiro as surpresas,
mudar de ideia em cima da hora e de fazer encontros não transvestidos de encontros.
A verdade verdadeira é que talvez a minha birra não seja exatamente com o Tinder, ou com
qualquer outro app de relacionamento. Minha grande questão é acharmos que podemos
conhecer alguém por meio de fotos e descrições, como se fosse um cardápio de comida. É
você pincelar as características de forma superficial (mais de 1.80m, gosta de beber cerveja e
das mesmas músicas, carinho com crianças, possui cachorros e bla bla bla). É não dar a
oportunidade da vida te surpreender com gente que não se encaixa no padrão que
estabeleceu. E que não possa te provocar a pensar diferente do que costuma fazer.
Aqui pensando enquanto escrevo, talvez o que me incomoda nessa história é o fato de as
pessoas terem trazido a forma líquida e superficial do Tinder para a vida real: não gostei do
primeiro detalhe, só passar para o lado. Afinal, temos tantas alternativas, não é mesmo?
Deixamos de querer nos aprofundar em pessoas, em conhecer o que somos de verdade por
dentro. E senhoras e senhores, essa é a coisa mais linda que o ser-humano pode fazer. Não
sejamos e nem queiramos pessoas rasas, pois a vida é uma imensidão.
Então, se eu puder dar outro conselho: passe menos a tela para o lado, e tente enxergar o
dentro!
Ha ha ha me reconheço aí, ainda encontro. Bjs <3
Parabéns pelo texto!!