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“NÃO SOU OBRIGADA!” (Minha Mãe é Uma Peça 3 – O Filme)

Atualizado: 25 de jun. de 2020


[Este artigo pode conter revelações sobre o enredo e possíveis spoilers, mas a reflexão sobre o filme é muito valiosa e se você também gosta de cinema e não se importa em saber alguns desfechos e/ou já assistiu ao filme, aqui é o seu lugar!]

Se você é como eu, nasceu e foi criado nos anos 90 (ou antes disso), provavelmente deve se lembrar que era muito comum ver as pessoas falarem mal de quem não era heterossexual, muito comum falarem mal de quem não estava no padrão de beleza ou dentro do peso “ideal”, ou até mesmo era muito normal ver práticas e discursos preconceituosos e totalmente intolerantes com qualquer pessoa que não estivesse de acordo com o que a sociedade estabelecia como padrão.

A maior satisfação de assistir ao filme Minha Mãe é Uma Peça 3 é que chegamos em pleno ano 2020, e posso dizer que bom que o tempo passa! Que bom que não estamos mais no século passado! E que bom que uma grande parte das pessoas são capazes de evoluir e mudar seus conceitos e paradigmas! Posso me permitir dizer que a maior joia dos personagens cinematográficos brasileiros agora é a Dona Hermínia. Não seria pretensão nenhuma colocá-la no panteão do cânone dos melhores filmes já feitos no Brasil. Qual o critério pra isso? Simples! Paulo Gustavo, ator e roteirista responsável pela primazia e dignidade que essa película carrega, foi capaz de estabelecer a conexão mais forte e mais saudável pra causar uma revolução nos pensamentos de antigamente... ele usa o poder do Amor e do Humor!

O primeiro filme é muito bom, com toda certeza apresenta essa personagem de maneira icônica e irreverente. Já no segundo filme a curva de nível parece aumentar ainda mais a forma como essa Dona Hermínia se importa com seus filhos e faz a história de “amor de mãe” ganhar mais peso ainda. A grande preocupação sempre no cinema é a terceira sequência, que Hollywood sempre erra com os terceiros filmes, mas para a quem (não) carece, esse filme é simplesmente uma revolução ainda mais emocionante.

É impossível não rir durante o longa-metragem e é impossível não se emocionar com a Dona Hermínia. Ela tem todos os discursos paradigmáticos que foi ensinado pra ela no tempo do século passado, assim como todos os preconceitos são perpassados de maneira meio que orgânica e natural, porém no caso dela quando você tem amor e tem um filho ou uma filha especial e diferente daquilo que o mundo aceita, você aprende a desconstruir o preconceito em nome do amor.

Dona Hermínia representa toda nossa brasilidade e se torna nossa heroína-mor, porque ela pode até ter um jeitão, falar muito palavrão e até zoar os próprios filhos, mas são os filhos DELA! Só ela ama os filhos dela e aí de quem mexer com os filhos dela!!!

Dona Hermínia entra para o folclore brasileiro por unanimidade no quesito mãe-brava, justamente porque as mais bravas parecem ser as que amam mais seus filhos. E por falar em folclore, tem até um momento de homenagem à Monteiro Lobato e sua personagem mais querida e tenaz que nos ensina a lutar por nós mesmos, a boneca Emília.

Uma família não precisa ser perfeita, mas precisa ter amor e respeito, e o Paulo Gustavo ensina isso através do Humor e da Emoção que o filme provoca o tempo todo!

Se você tem ou tivesse alguém na sua família diferente do padrão que o mundo aceita, você amaria mais ou amaria menos essa pessoa?

Obviamente a Dona Hermínia e a boneca Emília amariam muito mais essa pessoa da família! Pense sobre isso*

Thales Vieira

* A coluna "Cinema nos mínimos D'Thales" é de autoria de Thales Vieira e todo seu conteúdo é de crédito e responsabilidade do autor.

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